A doutrina sobre a santa missa é ampla e rica. Nada que mostremos aqui poderá cobrir nem de longe a herança legada pela Igreja, desde os Apóstolos até os dias de hoje, da encíclica Ecclesia de Eucharistia, do Papa São João Paulo II, leitura indispensável para compreender o papel da Eucaristia na vida da Igreja. Portanto, optamos por apresentar uma breve introdução sobre o que é a missa e oferecer uma pequena seleção de links com matérias sobre o assunto, acessíveis na coluna direita, para um melhor aprofundamento.
Antigos testemunhos
O homem, desde as suas mais remotas origens, inclinou-se, movido pela lei natural, a render homenagem a Deus por meio de sacrifícios. De fato, se corrermos os olhos pela história, veremos que em todas as civilizações, das mais sofisticadas às mais rústicas, sacrifícios eram oferecidos às divindades, como que prenunciando um evento futuro que viria a dar coerência àquilo que faziam.
Todos aqueles sacrifícios, certamente imperfeitos e muitas vezes brutais, apontavam para uma realidade que os superava. Assim como Israel, o povo eleito, foi sendo progressivamente guiado por Deus para recebê-Lo, também os outros povos, por assim dizer, testemunhavam que haveria, num momento que somente a Providência sabia, um sacrifício perfeito, que iria tornar caducos todos os outros. Estes apenas serviram como sinais para o sacrifício que viria de fato selar a paz entre a criação e o seu Criador.
Que sacrifício perfeito seria esse, para onde convergiam todas as religiões antigas? Para que realidade Deus preparou um povo, separando-o dentre todos os outros? Que evento único seria esse para o qual se inclinava todo homem, quando procurava agradar a Deus?
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós
A longa espera, o tempo de sombras e incertezas, encontra o seu termo do modo mais surpreendente possível. O que era inimaginável torna-se realidade: o Deus inacessível, Aquele perante o qual todos os homens se curvavam para render-Lhe graças e oferecer-Lhe sacrifícios, faz-se um de nós, assume nossa humanidade, entra na descendência de sua própria criação... habita no meio de nós!
E não vem sem um propósito. Nasce, cumpre todas as etapas do seu crescimento humano. Vive no seio de uma família, trabalha, aprende, e chega à idade em que sua identidade e missão serão manifestadas claramente. Mas, também aqui, a pedadogia divina abre o véu aos poucos: Jesus vai preparando os seus discípulos, passo a passo, para o seu estupendo mistério, que será plenamente revelado quando chegar "sua hora" (Jo 13,1).
E "sua hora" chega na Santa Ceia, a primeira missa, aquela em que Jesus fala às claras com os apóstolos, na Páscoa que desejara tão ardentemente (Lc 22,15) ... Se quisermos, pois, conhecer o que é a santa missa, teremos que acompanhar as palavras de Jesus naquela quinta-feira santa e os fatos que se lhe seguiram. A missa nada mais é que a renovação daquele mesmo sacrifício do Calvário no tempo presente. É como se fôssemos transportados para aquele momento dramático, para onde conflui toda a história humana. A cruz de Cristo separa o antes e depois, atrai para si todos os pecados que nos impedem de ter a participação na vida divina, sela definitivamente a paz entre Deus e o homem, ao preço do sangue do seu Filho, vertido em propiciação por todos os que creram nele.
Um preço muito alto
A missa é, portanto, este mesmo sacrifício do Filho de Deus, é a renovação da oferta que Ele faz de si mesmo ao Pai, em favor de nós todos. É a hora de Jesus, o destino de toda a nossa busca, a coerência que faltava aos ritos antigos, o porto seguro preparado por Deus para a inquieta alma humana, que desde o seu nascedouro sente uma sede que nada no mundo é capaz de saciá-la. A missa é, portanto, a nossa própria vida, pois ela não subsiste fora de Deus. Ao nos aproximarmos do altar recordemos, antes, o que é que se vai celebrar diante dos nossos olhos. E não se permita pensar que aqueles ritos, aquelas palavras sejam apenas algo que nos invoque a memória de Cristo: é o próprio Cristo, Deus de Deus, Luz da Luz, que se torna presente, o Deus que se esconde naquelas humildes formas.
Entender o que é a missa é entender o Calvário. É saber que o sacrifício que nos pacifica com Deus foi feito por uma vítima inocente, que ofereceu a si mesma para assumir uma cruz que não era sua. A cruz de Cristo era a cruz de Barrabás, cujo nome, 'Bar-Abbas', 'filho do pai', indica-nos a substituição: o Filho de Deus tomou o lugar dos filhos desgarrados, malfeitores, das ovelhas perdidas, para oferecer-se em seu lugar, como vítima de propiciacão, vítima perfeita, imaculada e santa. Essa substituição vemo-la apontada muitas vezes no Antigo Testamento, como no sacrifício de Isaac (cap. 22 do Gênesis), em que um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos foi oferecido em holocausto no lugar do filho de Abraão. Que sinal impressionante do que ocorreria muito tempo depois: o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo, com a cabeça presa entre espinhos, tomando o lugar não do filho de Abraão, mas de todos nós, outros 'Bar-Abbas'!
Todos os caminhos trilhados pelo homem, na busca para agradar a Deus, acaba na cruz de Cristo. Todos os vazios experimentados por quem vivia privado da vida de graça são preenchidos pelos méritos da Paixão e morte de Jesus. A missa é esse sacrifício, um preço muito alto pago por Cristo, para que tivéssemos a vida em Deus. Nossas disposições interiores não podem ser outras que aquelas que moviam Jesus: desejar ardentemente participar dessa Ceia, antevisão do banquete para o qual somos chamados a partilhar no Céu, com Deus.
Pão e vinho que se tornam no Corpo e Sangue do Senhor
Na missa ocorre o milagre da transubstanciação: o pão e o vinho, ao comando das palavras de Cristo, ditas pelo sacerdote, 'Isto é o meu corpo', 'Isto é o cálice do meu sangue', mudam sua substância (não sua forma) em corpo e sangue do Senhor, com toda a sua divindade e humanidade. Os acidentes permanecem os mesmos, os sentidos mostram-nos pão e vinho, mas aquelas espécies são, de fato, o próprio Senhor. E não é difícil crer nisso.
Santo Ambrósio, bispo de Milão, nos primórdios da Igreja, chamava a atenção dos seus fiéis para o fato de que quem disse (e mandou os apóstolos fazerem o mesmo) 'Isto é o meu corpo' é Aquele mesmo que disse 'Faça-se' e tudo se fez. Ora, quem tem o poder de chamar do nada à existência todas as coisas, não teria também o poder de modificá-las em sua natureza? O Deus imutável, infinito, eterno, indivisível, onipresente e onipotente, que se faz verdadeiro Deus e verdadeiro homem não teria como tornar o pão e o vinho em Si mesmo, para servir de alimento à sua Igreja? Tenhamos por certo, portanto, que as palavras ditas pelo sacerdote na consagração carregam a autoridade de Quem as disse primeiro.
A Eucaristia é, portanto, algo mais que um mero símbolo. E porque os acidentes do pão e do vinho consagrados tornam-nos presente algo maior do que testemunham aos nossos sentidos, podemos dizer que são sinais, símbolos que contêm o que eles simbolizam. São símbolo e realidade. Mais uma vez, Santo Ambrósio lembrava (De Sacr., livro VI): "...quando os discípulos de Cristo não suportaram a sua palavra, mas ao ouvirem que ele daria sua carne para comer e daria o seu sangue para beber eles se retiraram, apenas Pedro disse 'Tu tens palavras de vida, para onde irei eu longe de ti?' Para que muitos não digam isso, sob o pretexto de certa repugnância do sangue derramado, mas para que a graça da redenção permaneça, recebes então os sacramentos de maneira simbólica; recebes, porém, a graça e a virtude da real natureza". Está claro, portanto, que o modo de receber, a forma é que é simbólica; a natureza, a substância, entretanto, é realmente modificada.
Senhor, não sou digno que entreis em minha morada
"Eu recebi do senhor o que vos transmiti: na noite em que foi traído, tomou o pão, e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: 'Isto é o meu corpo que é entregue por vós; fazei isso em memória de mim'. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim'. Assim, todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice lembrais a morte do Senhor, até que ele venha. Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo e, assim, coma deste pão e beba deste cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação" (I Cor 11, 23-29).
Vivamos, portanto, de modo a merecer receber a sagrada comunhão todos os dias, mesmo que as dificuldades cotidianas nos impeçam de recebermos o santo alimento diariamente. A missa é o que de mais valioso se pode oferecer a Deus. Nada do que façamos pode se comparar a uma única missa, pois nela o Filho de Deus se oferece a si mesmo. Mesmo uma vida de privações suportadas heroicamente por amor a Deus nada é diante do sacrifício da santa missa. Nada a substitui, nada se lhe compara em termos de valor, nada há mais de precioso. De tão grande tesouro fomos feitos dignos pelos méritos infinitos de Cristo, que, da largueza de sua graça, os distribui a quem lhe corresponde o amor.
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Confiamos os frutos deste serviço aos cuidados da nossa Mãe Santíssima.
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